Poemas...

Poemas...
...nossas vidas não nos pertencem, e o que era biônico ontem é biônico hoje, no Pacote, não de Abril, mas de Janeiro a Dezembro. Mesmo assim tenho que vestir as vestes opacas do Estado, de chorar lágrimas de crocodilo, de fofocar sobre a ascensão de mais uma oligarquia, de ouvir menos Rachimaninov e curtir mais a tal Folia, e o mais cruel de tudo: resignar-me com a soberania do veredicto... (Anderson Costa)

terça-feira, 26 de julho de 2011

4.

Resignado ao fétido versar do pus
em meio à morte de um defunto poema
que, na verdade, soma-se ao eu e aos tus
os cacarejar de um eterno morfema,
todas as obras que a si não faz jus
o delinear da teoria e o sistema,
tanto o hipodérmico à filosofia dos “us”
quanto o chorar de um marxismo capenga.
Fazendo-se em chagas o nascer semimorto,
em laços e nós desatados num aborto
aquele resumo que em mim não compensa
as fezes já secas de um poeta enrugado,
as teses e os meses em si mal acabados,
as obras e as borras postadas em despensas.

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