Poemas...

Poemas...
...nossas vidas não nos pertencem, e o que era biônico ontem é biônico hoje, no Pacote, não de Abril, mas de Janeiro a Dezembro. Mesmo assim tenho que vestir as vestes opacas do Estado, de chorar lágrimas de crocodilo, de fofocar sobre a ascensão de mais uma oligarquia, de ouvir menos Rachimaninov e curtir mais a tal Folia, e o mais cruel de tudo: resignar-me com a soberania do veredicto... (Anderson Costa)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

SONETO


Frutas podres caem, caem as minhas usuras
sobre o semblante dos autóctones nus,
sobre o parapeito das lesas prostitutas
caem cem mil vezes as amoras que não pus,
sem problema, na aurora que me esmurra,
que com força já as puseram na unidade dos meus tus,
assim como em mim puseram o somar-te dentro em duas
consoantes desvirginadas e estupradas pelos “us”.
Ó geradora improfícua, ó minhas mulas,
regozijai a chupança dos gulosos seios,
regozijai o valor das moelas tuas!
Ó geradora improfícua de hediondo feio,
regozijai o alvitre de fruta imadura
e o que em mim fecundara gestante receio.

domingo, 20 de novembro de 2011

SONETO


Às vésperas do meu próprio enterro
fui guiado sem cessar por instantes cronológicos,
predisposto a tombar no epitáfio dos enfermos
sem doenças e marasmos do sistema imunológico.
Sem sistema imunológico, sem os devidos graves erros
de uma vida vacilante longe ao raciocínio lógico,
meu enterro fora produto de algum fortuito meio
ou então, produto e soma de resumos antológicos.
Na missa de sétimo dia houvera as mesmas ladainhas
cantadas com veemência e furor às minhas
densas titicas postas em féretro qualquer.
Sob os mesmos sete palmos e as mesmas formalidades
fora meu corpo pessimista junto ao mofo da idade:
juntamente com a saudade do adeus e do até.