Poemas...

Poemas...
...nossas vidas não nos pertencem, e o que era biônico ontem é biônico hoje, no Pacote, não de Abril, mas de Janeiro a Dezembro. Mesmo assim tenho que vestir as vestes opacas do Estado, de chorar lágrimas de crocodilo, de fofocar sobre a ascensão de mais uma oligarquia, de ouvir menos Rachimaninov e curtir mais a tal Folia, e o mais cruel de tudo: resignar-me com a soberania do veredicto... (Anderson Costa)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

15.


À revelia não desfio o fio do ensejo
propício à esta hora ou à amante precavida,
e dizem-lhes os negros: da alforria o sobejo
ou então, ao proletário, a decente mais-valia.
Assim se faz, em vão, o último dos desejos
e sobre o ninguém conforme me valia
há a pobre missa de sétimo dia ao cabresto
postada como o menstruo de uma fêmea agonia.
Às dores do que de cócoras não fora, de antemão,
as chagas purulentas no ventre do anteontem,
papeis que convalidam o fim da união
em mim só derramando as placentas do seu ontem:
um término início de vulgar especulação,
um pouco do que afora é hemorragia que me rompe.

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