Poemas...

Poemas...
...nossas vidas não nos pertencem, e o que era biônico ontem é biônico hoje, no Pacote, não de Abril, mas de Janeiro a Dezembro. Mesmo assim tenho que vestir as vestes opacas do Estado, de chorar lágrimas de crocodilo, de fofocar sobre a ascensão de mais uma oligarquia, de ouvir menos Rachimaninov e curtir mais a tal Folia, e o mais cruel de tudo: resignar-me com a soberania do veredicto... (Anderson Costa)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

SONETO


Dos homens, eu fui o vício e as chacotas,
não sendo o véu e a grinalda do gozo:
fui tão somente o grátis da amostra
ou a gorjeta em pó de duro osso.
No fim do dia, enfim, de umas patotas,
fui só o arquétipo de macilento rosto
não mesmo sendo o negro dessa cota:
eu fui risível e o fim de insano gosto.
Das bizarrices eu fui até recruta
de uns fartos seios murchos de uma puta:
ranzinza eu fui crescendo anos a fio.
Anos a fio só fui sendo o bastardo,
algo ilegítimo a ser em si tragado
junto à boca em sova de bons filhos. 

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